Mais do que matemática

Mais do que matemática

Amanhã é meu aniversário. Hoje fui dar aulas normalmente — dia comum, com as duas aulas de Matemática do 6º ano, turma da qual sou professor regente. A primeira aula transcorreu com tranquilidade: alunos organizados, atividade fluindo, atenção presente.

Mas foi quando o sino tocou anunciando a troca de período que algo inesperado e doce aconteceu: do nada, os alunos começaram a cantar parabéns. Aquilo me pegou de surpresa. Fiquei sem jeito, com o rosto vermelho, rindo meio travado — tenho dificuldade com elogios. Sempre acho que são exagerados ou protocolares, meio falsos até. Mas esse gesto me tocou profundamente.

Mais do que o carinho, o que ficou ecoando em mim foi o que aconteceu antes e depois do parabéns. Alunos focados, dividindo bem os espaços de fala, fazendo silêncio para ouvir os colegas, reconhecendo que poderiam ter feito um trabalho melhor e pedindo para refazer.

Isso, pra mim, foi o verdadeiro presente. A sensação de que, mesmo sem querer, eu consegui ensinar algo além dos números. Algo além das potências e expressões. Consegui ensinar sobre responsabilidade, escuta, respeito e desejo de melhorar.

Em dias difíceis — que não são poucos — a gente carrega muitas dúvidas sobre nossa prática. Mas hoje eu escolho celebrar essa pequena vitória, silenciosa e sincera. Porque ensinar é isso também: plantar onde às vezes nem sabemos, e colher nos gestos mais inesperados.

Mais do que ensinar matemática, quero continuar ensinando humanidade.

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