Fazer com cuidado também é aprender
Fazer com cuidado também é aprender
Hoje, corrigindo trabalhos dos meus alunos, fui atravessado por um sentimento estranho. Não era exatamente de frustração, mas de incômodo sutil. Muitos dos trabalhos estavam mal acabados. Havia ideias interessantes, sim, mas a apresentação me dizia outra coisa: recortes tortos, dobraduras mal feitas, folhas amassadas, letras jogadas com pressa. Uma certa ausência de carinho.
Não é sobre perfeição ou talento para artes visuais. Eu sei que o senso estético se desenvolve com o tempo, e cada um tem seu ritmo. Mas é sobre o cuidado. O cuidado com o que se produz, com o que se mostra ao mundo como resultado de um trabalho. Porque um trabalho também comunica, mesmo quando a gente não percebe. Ele diz algo sobre o quanto a gente se importou, o quanto se dedicou, o quanto quis que fosse bonito, mesmo sendo simples.
Fazer com capricho é uma forma de aprender. É quando a gente percebe que o processo não termina na resposta certa ou no conteúdo revisado. Termina quando a gente consegue olhar para o que fez e dizer: “eu fiz isso e fiz com zelo”. Termina quando o trabalho fala da gente.
Como professor, não desejo que meus alunos se tornem perfeitos. Mas desejo profundamente que eles aprendam a se importar. Que tenham orgulho do que fazem. Que entendam que, muitas vezes, não se trata de nota ou decoração, mas de identidade.
E, talvez, seja isso que ainda está faltando: aprender que fazer com cuidado também é aprender. E que o carinho pelo próprio trabalho é um espelho da relação que a gente constrói com o mundo e com a gente mesmo.
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